o primeiro, uma coisa técnica, depois um soneto de Camões.
"[...] para Camões, Amor [com letra maiúscula] é um ideal superior, único e perfeito, o Bem supremo pelo qual anciamos. Mas, seres decaídos e imperfeitos, somos incapazes de atingir esse ideal. resta-nos a contingênci do Amor ideal. A constante tensão entre esses dois pólos gera toda a angústia e insatisfação da alma humana."
Soneto
Luís de Camões
Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que não tenho.
Olhai que de esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei o quê, que nasce não sei de onde,
vem não sei como, e dói não sei por quê.
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