quarta-feira, 18 de novembro de 2009

mais uma da poeta do Algo de mim.

Eu te esperei enquanto a lua subia, cheia e branca ao céu. Como um rabisco de giz no quadro negro.
Eu te esperei enquanto os ventos brincavam com o meu cabelo, tentando jogá-los na minha cara para
que eu não mais pudesse ver a dor que estava diante de meus olhos.
Eu te esperei enquanto as estrelas brincavam de correr, para não serem pegas pela solidão, assim como eu
sempre era.

Eu vi as estrelas fugirem de mim.
Como se tivessem medo de chegar perto demais.
Naquela noite o céu ficou completamente negro, salvo a lua que logo se ergueu ali.

Eu te esperei enquanto o sol acordava e os primeiros raios de luz tocavam minhas pálpebras.
Eu te esperei enquanto o dia caminhava e não me chamava a caminhar com ele.
Eu te esperei enquanto meus pés queimaram ao tocar o solo quente.
E logo voltaram a mim, com medo de pisar ali de novo.
Mas já queimados, suportariam a dor, e eu os fiz cegos para continuar andando.


Vi o sol ir embora, feliz por poder enfim descansar.
E eu, aliviada, por poder me esconder nas águas escuras que via se aproximando.
O céu logo escuresceu novamente e a lua ergueu-se.
A escuridão me fazia segura, e ali nada poderia me alcançar.
Exceto você.

Eu te esperei por mais alguns milênios. Alguns séculos correram e eu mal vi o tempo passar.
Dia e noite se convertiam e confundiam-se enquanto eu estive parada ali.

Agora, a noite tomou conta novamente. Consigo escutar as estrelas zombando de mim.
Volta e meia,a lua se aproxima e tenta me ajudar.
Mas não consigo alcanca-la e sua ajuda fica longe demais.

Eu te esperei enquanto mil sóis se punham e eu não pude fazer nada para impedi-los de ir embora.
Eu te esperei enquanto a lua não me quis mais e se escondeu atras da montanha.
Eu te esperei enquanto minhas palavras voaram com o vento e fiquei sem voz.
Eu te esperei enquanto as estrelas cansaram de zombar de mim e também se puseram distantes.
Eu te esperei até cansar de mim mesma e abandonar uma parte minha, só pra continuar a te esperar sozinha,
sem ter que me preocupar com o amanhã.


uma observação da blogueira:
Eu te esperei, sim, eu te esperei.
até que não tivessem mais esperanças e ficassem apenas lembranças.
e, olha que surpresa estranha
por incrível que pareça,
meu subconsciente permanece a te esperar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário